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terça-feira, 22 de setembro de 2009

"Reflexão sobre a aula tradicional" - Gustavo Fagundes

- Reflexão sobre a aula tradicional

Meu nome é Gustavo Fagundes, juntamente com o André Januário, desenvolvo um projeto denominado “Música: Uma ferramenta para o estudo da História”. Através desse projeto lecionamos algumas vezes na rede pública de Franca. Entretanto, algumas coisas vêm me surpreendendo, como a aceitação das salas selecionadas para o projeto. Estas foram escolhidas devido ao perfil diferenciado que apresentavam, uma era considerada uma ótima sala, e a outra era uma sala com certa dificuldade.

Ao iniciarmos o projeto fomos surpreendidos, pois foi nossa primeira experiência em sala de aula, e começamos já pela sala denominada difícil pela professora parceira do projeto, ao chegarmos na sala percebemos que era uma sala bastante ativa, com muita conversa, mas que ao ser direcionada participou bastante e nos auxiliou na construção da aula. Foi extremamente participativa, discutiu, colocou discussões, questionaram todo o tema da aula, que no caso era Populismo, ficamos muito satisfeito com essa aula, pois vimos que o projeto possuía eficácia, pois conseguíamos tirar a aula daquela mesmice e inovar, tentando atrair a atenção dos alunos. Após essa experiência, achamos que seria ainda melhor na sala considerada ótima, mas ao chegarmos lá tivemos uma experiência um pouco estranha,pois os alunos não respondiam aos estímulos, aos questionamentos que colocávamos, ficaram todos quietos, copiando o que passávamos na lousa e algumas coisas que dizíamos. Em suma, apesar da tentativa de utilizar a música para modificar a estrutura da aula, não conseguimos trazer a sala para participar. Foi desse fato que comecei a pensar, seria um problema dos professores a manutenção da aula tradicional? Seria um problema dos alunos?

Em suma, comecei a discutir com alguns amigos, que também se interessam por essa área de educação, eu questionava será que os alunos, em geral, realmente estão preparados para receber uma aula fora do modelo tradicional, aquele em que o professor fala, o aluno anota e o conhecimento é uma mera reprodução? Após essa conversa, cheguei a várias conclusões, nenhuma completamente satisfatória. Comecei a pensar, a sala que a professora disse que teríamos mais problemas, foi a que melhor respondeu, era algo que devíamos esperar, pois eram considerados alunos difíceis exatamente por serem questionadores, por desafiarem a hierarquia da escola, eles tinha uma necessidade de libertar-se do tradicional, algo normal para adolescentes. Mas, ao pensar nisso, comecei a questionar, porque a outra sala, que possuía alunos da mesma idade, tinha dado uma resposta tão diferente, eu sei que nenhuma classe é igual a outra, mas porque um comportamento tão diferente, sendo que estão na mesma fase da vida, a adolescência. Eles não conversavam nem entre eles, nem conosco, simplesmente anotavam as informações passivamente. Com isso um novo questionamento surgiu, porque aquela sala respondia tão passivamente a todos os estímulos, e ao pensar sobre isso cheguei a conclusão que era exatamente por esse comportamento que eram considerados uma boa sala, pois o professor não tinha problema nenhum em transmitir o conhecimento, pois não havia questionamento, não havia sequer discussão sobre o aprendizado. Mas seria isso uma característica boa? Não, pois isso somente reflete aquela idéia de escola cerceadora de liberdades, aquela que transforma a criança em um indivíduo funcional, simplesmente a transforma em um trabalhador padrão, sem capacidade de reflexão sobre os próprios atos. Aquele perfil da sala mostrava garotos e garotas que constantemente foram cerceados, não eram estimulados a autonomia, pois a escola não quer formar pessoas autônomas, ela quer formar cidadãos funcionais, somente isso.

Mas porque não conseguimos mudar isso, será que o professor não pode fazer essa mudança ou será que ele é impedido pela própria estrutura da escola? Sem dúvida que a estrutura da escola está ultrapassada, é necessário uma mudança, para que esse engessamento do professor e, consequentemente, dos alunos acabe e assim possibilitar a formação de cidadãos, que questionem, que discutam e que buscam melhorar tudo, tanto em sim próprio como no mundo que os envolve.


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