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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Consciência DE classe, consciência DA classe - por Gabriel Narkevicius

Qual será a real noção que os professores, especificamente de história, possuem sobre o ensino? A quantidade de pessoas que se formam em cursos com licenciatura é considerável, a quantidade dos empregos pra estas pessoas já é “ligeiramente” inferior. Apesar disso, e deixando a questão da quantidade de lado, a qualidade do ensino, em termos de importância, é prioridade.
Antes de qualquer coisa é preciso reconhecer que a atuação do professor toca vários pontos. Ensinar e aprender são idéias diferentes, mas não se opõem, e não existem isoladas uma da outra. A relação entre professor e estudante, antes de qualquer outro ponto, é uma relação direta entre indivíduos, com vivências e realidades diferentes, bem como suas visões sobre estas realidades.
Isso não significa que a relação entre professor e estudante seja um confronto, no sentindo de encontro, direto entre estas realidades e visões, mas sim uma aproximação das mesmas através da relação ensino/aprendizagem. As vivências, visões e realidades, tanto os professores quanto os estudantes, influem muito, mas não de forma determinante, nos interesses que cada um possui ao entrar em uma sala de aula.
Ao entrar em uma sala de aula, tanto o professor como o estudante leva consigo seus respectivos interesses e realidades, uma vez que são impossíveis de serem dissociados e refletem no fato de estarem ali, em sala. É valido apontar que os interesses não dizem necessariamente à real necessidade do professor ou do estudante estarem ali, estando isso relacionado em grande parte com a realidade em que cada um se situa.
A atuação de um professor não diz respeito apenas aos conteúdos passados em sala, bem como às formas de transmissão destes conteúdos aos estudantes. Ser professor significa também dar sentido a individualidade do estudante, a partir da compreensão do conhecimento e seu posterior uso nas permanências e mudanças da sociedade e de si mesmo. Atualmente grande parte dos professores não leva isso em consideração. Preocupam-se apenas em passar seus conteúdos e em formas de prender a atenção do aluno durante a aula.
Há uma conformidade da maioria dos professores com a pouca qualidade do ensino atual. Estão presos a um ciclo vicioso, iniciado antes mesmo de se formarem na faculdade, reproduzindo não apenas o conteúdo, mas a forma de ensino em si. Foram “educados” com esta forma de ensino, entraram na faculdade com ela na cabeça, e agora farão dela suas próprias práticas, inserindo mais estudantes neste ciclo.
Um exemplo se relaciona sobre a reprodução do conhecimento. Muito dos professores entram em sala de aula sem real consciência de sua profissão e este fato repercute diretamente na didática em sala e na forma de aplicação do conteúdo. Assim, a relação entre professor e estudante parte, por parte do primeiro, apenas como a propagação do conhecimento já consolidado sobre determinado tema. Cabe ao professor a tarefa de se conscientizar de sua posição social, enquanto formador de indivíduos críticos e não apenas de indivíduos técnicos.
O interesse do estudante também apresenta questões de relação direta com a realidade do mesmo, uma vez que a presença dele em sala não significa necessariamente o interesse de aprender. É neste ponto em que a compreensão do sentido da disciplina se torna necessária ao estudante, uma vez que, a partir dela, ocorre a aproximação entre a realidade e o conteúdo.
O estudante pode estar de corpo presente, mas sua mente não está ali, na maioria das vezes, pela própria vontade. Seu desinteresse remete em grande parte à forma com que ele concebe o fato de ir à escola todos os dias, concepção essa que raramente toca o ponto de formação de uma individualidade, somada às lacunas existentes no ensino atualmente. O estudante não vislumbra na escola uma perspectiva de contribuição de mudança da sua realidade, mas sim de uma necessidade de atender os requisitos do mercado de trabalho.
Ele vai à escola para “ser alguém”, mas na realidade este “ser alguém” significa ser mais um na competição do mercado de trabalho. Isto sem contar que este “ser alguém” não é, na maioria das vezes, uma construção mental do próprio estudante, mas de outros fatores externos que já estão também incorporados na atual mentalidade padrão da sociedade, esta marcada pelo individualismo (conceito que difere e muito de individualidade) e conseqüente competição.
Assim sendo, deve-se considerar a existência de questões externas à sala de aula, mas que remetem na condução do ensino e aprendizagem dentro da mesma, uma vez que estas questões influem na forma de pensar e agir tanto dos estudantes quanto dos professores. Atualmente, cabe ao professor mostrar ao estudante a necessidade deste estar ali em sala não para atender às pressões de pais ou do mercado de trabalho, mas sim para se tornar agente ativo e crítico da realidade social. Para tanto, o professor deve ter real consciência de sua atuação profissional, não sendo apenas mais um em um mercado de trabalho cuja mercadoria é o conhecimento, mas um atuante na conscientização do estudante perante si mesmo e a sociedade que o cerca.

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